domingo, 6 de setembro de 2009

Capitulo XII - O Dia Seguinte.


Já passava das duas quando a jovem moça adentrara sua casa. Seus olhos lacrimejavam sem parar, suas mãos trêmulas demonstravam seu estado de choque, toda sua comoção.

Sua cabeça latejava em uma dor insistente, um clamor, uma culpa irreversível.

Cabisbaixa, sequer cumprimentou seus familiares, que atônitos esperavam por sua chegada, depois do sumiço da última noite, de sua apresentação perante a sociedade.

Julita devia explicações, não só para sua família, mas para consigo própria.

Ela carregava em suas mãos os sapatos, aqueles saltos que a consagraram, agora eram levados como sacolas, no mais completo cenário de tristeza. Seu cabelo despenteado e sua maquiagem toda borrada. Suas bochechas, tão sardentas, agora beiravam o encarnado do nervosismo, do choro compulsivo.

Passara reto por todos, evitando perguntas, evitando o que seria mais constrangedor, que pudesse relembrar tudo que tivera vivido e como tinha se libertado de tal forma, com tal cafajeste.

Em seu quarto deitara-se sob a cama, sob os lençóis limpos e arrumados, diferentemente de como acordara nesta manhã.

Por outro lado, Isabell acorda por entre lençóis de seda. Mesmo entre lençóis, anda pelo admirável quarto, a busca de uma janela, espera apreciar sua glória, sua conquista por mais quanto tempo for possível.

Suas roupas ao chão, seu perfume ligado à pele, tão doce, tão excitante, tão supremo e ao mesmo tempo marcante.

Por breves momentos, a janela, Isabell aprecia mais um gole de seu champanha na companhia do tragar de um cigarro. Nua, coberta somente por jóias, ela desfruta sua soberania, nada pode tirar o brilho dela, não desta mulher em erupção.

Matheus.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Capítulo XI - A dor


Ainda nervosa Julita cai no choro. Compulsivo e seguido de soluços faz crer que ela passa por um momento de tristeza sem fim. O que acontecerá ainda é novidade a bela jovem e ela custa a acreditar que perdera sua inocência de forma tão banal.

O clamor de seu lamurio acorda Vlad que até então dormira em paz, sob a luz do prazer e da glória.

Aos prantos Julita tenta iniciar o que seria uma conversa crucial, tanto para sua vida amorosa, quanto social. O tom das repostas do belo cafajeste são capazes de interpretar que o esperado acontece e a bela jovem não passara de só mais um atrativo ao sedutor Vladimir.

O relógio badalava o meio dia quando Julita sai do apartamento, da qual vivera sua marcante e inesquecível noite. Sob o olhar desconfiado de todos que estavam na rua, neste domingo ensolarado, Julita caminha, com cara de choro, em direção a sua casa, em direção a sua família.

O dia sequer começou pelos ares da zona nobre da capital. Ainda colhendo os louros de sua vitória, Isabell se encontra deitada entre lençóis de seda. As garrafas de Champagne ainda estão em seu quarto, assim como alguns de seus amigos que por ali mesmo dormiram.

A festa fora boa e como de costume o álcool fora um dos principais motivos para tal alegria. A bela e rica garota comemora madrugada a dentro junto de seu novo affair, este que a conquistara no baile que a coroou rainha.

A segunda feira promete ter boas surpresas pela Escola Metropolitana e as fofocas do grande baile já correm pela cidade.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Capítulo X - Luxúria


O baile seguira madrugada a dentro. A diversão era contagiante. Jovens dançando, se divertindo e muitos apreensivos pela espera do grande anúncio.

As atenções começavam a se voltar para a grande decisão dos jurados, porém só uma das favoritas encontrava-se presente no recinto. O anuncio não tardara mais e Isabell ganhara o titulo de rainha do baile. Nada de surpresas para os que viram a bela performance da elegante garota. Sua coroação só não fora mais especial do que a noite que vivera Julita.

Deitada na cama, sob lençóis brancos a ainda alcoolizada menina estava vivendo um momento único. Achara realmente ter encontrado o amor de sua vida e rendeu-se a perdição, para com ele perder sua dita inocência. A luz das velas que deixara o clima mais romântico, não passara de artifício do sedutor Vlad. Sua então noite especial acabara acontecendo da forma como nunca havia desejado.

Os sonhos, costumes e ideais estavam sendo quebrados ao se deitar a cama tão nova e com um cafajeste que sequer fora seu namorado.

Toda sua dita ingenuidade havia sido jogada fora, ao se render as suas fantasias. O fizera como se fosse experiente e até surpreendera o então parceiro. A tímida Julita revelara a autoridade de uma garota mandona em seus momentos íntimos.

O efeito da bebida passara e Julita não crê no que se passa. Acorda em meio a roupas intimas, com seu novo vestido jogado ao chão, junto dos lençóis ainda sujos de sangue.

Incrédula com a situação, ela tenta relembrar o que acontecera. Os momentos que lhe vem à mente revelam uma noite nefasta, de prazer e luxuria.

Está desolada, era muito jovem para cometer tamanho pecado, é o que pensa Julita.

O sentimento de amor que sente por Vladimir a faz crer que isso não passaria em branco e que o casamento seria a melhor forma de então consertar a situação.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Capítulo IX


O baile segue noite adentro. A ultima a entrar fora Isabell, a favorita ao titulo de rainha do baile, que só constata o que todos já sabiam. Sua beleza e atrevimento são marcas da bela donzela. As luvas que usara realçavam sua condição social. Cabelos escorridos e escuros davam um contraste bonito a já maquiada face da ainda jovem garota.

Seus olhos brilhavam e tal como uma princesa, Isa, adentrara o salão principal causando um furor inigualável. Os rapazes que acompanhavam sua grande apresentação já deliravam, quando a jovem de classe alta acabara por mostrar a bela rasga na parte lateral de seu então inovador vestido.

O charme do vestido roxo com cortes diferentes, ainda era uma novidade vinda diretamente da Europa. Mas completamente adaptada aos padrões porto alegrenses, pela feminista Isabell. Suas formas e bem definidas pernas causaram delírio total e até certa surpresa aos que eram mais tradicionais.

Julita sequer vira a grande performance desta que seria sua grande rival ao prêmio de rainha do baile. O álcool que tomara fora suficiente para revelar seus verdadeiros instintos, muito bem aproveitados pelo então galanteador Vlad.

Entusiasmada e alcoolizada, Julita acabara adentrando no então conversível carro do mais famoso conquistador daquelas bandas. Vladimir a levara para seu apartamento e, como a fama que tinha, acabara por concretizar sua mais nova conquista.

Os poemas que recitara foram suficientes para deixar a ainda estonteante Julita em uma fácil conquista.

A jovem, que era considerada inocente por muitos, mostrara suas verdadeiras intenções e sentimentos. Fora conduzida aos atos mais reveladores, mas em nenhum momento obrigada.

Fizera tudo que sempre fantasiou, mesmo que em seu mais profundo subconsciente.

Já não era mais menina, porém este era um segredo seu e de Vladimir. Ao menos era isso que ela esperara.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Capítulo VIII


O salão principal do Royalty Palace estava decorado de forma sensacional. As mesas, que ficavam em torno de onde seria feito o desfile e a dança, eram decoradas com toalhas brancas e velas.

O tapete vermelho marcara a entrada dos pares para a grande cerimônia. Garçons mascarados davam um tom mais despojado e relaxante ao grande evento citadino.

As belas jovens começavam a chegar, acompanhadas por suas famílias, ou por seus ditos pares.

Julita adentra o recinto reservado onde todos que dançariam a famosa valsa pontualmente. No salão principal, sentados nas mesas iluminadas por castiçais, os familiares esperavam ansiosamente pelo começo da cerimônia.

Seria a quinta dentre as dez que dançariam. Os nervos a flor da pele deixavam o claro nervosismo da jovem garota.

A cerimônia começara no horário previsto, e as primeiras garotas já pisavam no tapete vermelho tão reverenciado. Uma a uma vão desfilando graciosidade.

Após o término da dança da quarta garota, Julita entra ao lado de Vladimir para pisar no tão sonhado tapete vermelho, que já havia consagrado muitas das belas mulheres da alta sociedade porto alegrense. O belo terno que Vlad vestia foi mero coadjuvante para a linda e bem vestida Julita.

O vestido branco que usara era deslumbrante e realçava seu belo colo. Pernas e ombros descobertos eram até então uma afronta para a sociedade atual, mas nada que não deixasse a todos deslumbrados com tamanho brilho no olhar da garota que adentrava a sociedade.

Seu cabelo castanho claro, puxando para o dourado reluzia em volto à luz das velas. O olhar que apaixonara a todos brilhou intensamente ao dançar a valsa de forma impecável. A bela postura e a desenvoltura com o salto alto demonstrara o árduo treinamento que fizera em casa.

Julita acabara por surpreender todos que haviam ido ao grande evento. Já era forte candidata ao titulo de rainha do baile. Sua forte personalidade, apesar da inocência se tornava suas principal vantagem perante as outras candidatas. Além é claro de sua bela performance e de sua beleza agora vista e revelada para todos.

A felicidade tomara conta da bela garota, alguns goles de bebida alcoólica eram necessários para assimilar tamanho acontecimento.

Incrédulo com o que havia visto, Vladimir acaba por olhar sua bela parceira com olhos de atração. Ficara estarrecido e tentara aproveitar a felicidade e a dita bebedeira que por hora tomavam conta da bela e deslumbrante Julita.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Capítulo VII


A semana passara vagarosamente e o final de semana demora a chegar. As aulas ocupam metade do dia dos jovens e ajudam a baixar a ansiedade, ou a aumentar com as fofocas que rolam nos intervalos. O assunto não pudera ser outro. O grande evento citadino está cada vez mais próximo, porém os dias parecem demorar a passar.

A quarta feira era de ensaios para as garotas e de ajustes para os rapazes. Tudo teria de estar perfeito para o grande sábado, nada poderia dar errado. Baseados nisso, os jovens faziam os últimos ajustes em seus ternos e o alfaiate Macedo trabalhara muito por essa época do ano.
Enquanto isso na Escola Metropolitana, o ensaio reunia todas as garotas que dançariam com seus pares no grande e vistoso baile.

Julita aprendia os primeiros passos da famosa valsa, enquanto Isabell e suas amigas ditas populares já dominavam a arte da dança.

Envergonhada, mas com muita vontade de mostrar que conseguiria, Julita parte em direção a sua casa, pronta para aprender e surpreender a todos. Era uma das grandes virtudes da tímida, porém bastante persistente garota.

O vestido que não ficara bom em seu corpo já era passado e o novo que ganhara de seu par Vladimir acabara por realçar seus belos ombros. Julita preparava tudo para uma noite perfeita e começara a olhar com bons olhos o que seria seu par no grande baile.

O presente dado concedeu a Vlad o patamar de bom e confiável moço perante ainda insegura, tratando-se de garotos, Julita.

Isa definira seu par, e acabara escolhendo o bonito Roberto Pires, filho do então juiz Marcos Pires. Alguém que mesmo não se equiparando a bela garota em beleza e elegância era do mesmo nível social que a donzela tão pretendida.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Capítulo VI


A cidade respirava a semana do grande baile de formatura. A alta sociedade estaria em peso e todos já arrumavam os preparativos do grande evento citadino. O salão reservado era o do hotel Royalty Palace, situado no centro da capital.

A ansiedade tomava conta das jovens garotas que desfilariam sobre o tapete vermelho mais desejado do estado. Com seus vestidos de seda, muitas vezes usando coroas e jóias, as garotas adentrariam o salão principal acompanhadas de seus pares.

O comércio já vivia o ar do famoso baile, e lucrava de forma absurda. Eram costureiras atarefadas com vestidos e empórios encarregados do abastecimento e da organização do salão.
A festa tão esperada aconteceria somente no sábado à noite, porém em plena segunda feira já se escutava cochichos sobre quem iria levar a coroa de rainha do baile.

Aos poucos e sem pressa, Julita experimentava o vestido velho que fora de sua mãe e que agora usaria nesta ocasião tão especial. Os ajustes que fizera não ficaram de bom grado, e sua estima para o grande evento já começara a ser afetada. Era de tom azul turquesa, feito de seda e cortado, formando um grande decote. O que não era a melhor opção, já que a bela jovem não tinha bustos avantajados. No entanto, a importância que dava a este baile não se equiparava a forma como as outras meninas tratavam tal evento.

Julita sequer tinha sapatos para a festa e apesar da condição financeira boa, a bela garota já demonstrava ser consciente, ao dizer que não gostara de gastar em coisas fúteis para ser usado uma única vez.

Pelas bandas da alta sociedade, Isabell vai a mais fina costureira da capital. Após as medidas tiradas a jovem autoritária proclama que seu vestido é prioridade e que deve ser entregue em até dois dias. Sua alta condição financeira e social permite-lhe abusos de autoridade e até humilhar as pessoas de classes inferiores.

A rica garota vive a intensa dúvida de escolher seu par. Vários pretendentes apresentaram-se, mas nenhum que ficasse ao nível de sua beleza e de sua classe.

Era candidata forte ao topo de rainha do baile e todos queriam estar ao seu lado, assim conquistando o posto de rei.

A semana recém começara e os boatos são grandes. Águas vão rolar e o grande baile promete muito.